quarta-feira, 12 de novembro de 2008

organismos digestivos!!! SAÍDA LIBERDADE...

A falta que ama
Entre areia, sol e grama o que se esquiva se dá, enquanto a falta que ama procura alguém que não há.Está coberto de terra, forrado de esquecimento. Onde a vista mais se aferra, a dália é toda cimento.A transparência da hora corrói ângulos obscuros: cantiga que não implora nem ri, patinando muros.Já nem se escuta a poeira que o gesto espalha no chão. A vida conta-se inteira, em letras de conclusão.Por que é que revoa à toa o pensamento, na luz? E por que nunca se escoa o tempo, chaga sem pus?O inseto petrificado na concha ardente do dia une o tédio do passado a uma futura energia.No solo vira semente? Vai tudo recomeçar? É falta ou ele que sente o sonho do verbo amar?

Carlos Drummond de Andrade

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